sexta-feira, 21 de junho de 2013

Matem o gigante!


PESSOAL, peço a atenção de todos! Esse movimento está descontrolado. Não temos representantes, não respondemos a líderes. E agora, o povo, por raiva e descrença (justificada) nos partidos políticos, está AGREDINDO todo partidário. E clamando apenas a bandeira nacional, e cantando hinos, e os militares por todo o país se ajuntando ao movimento lindamente.
ABRAM OS OLHOS!
A única forma de unipartidarismo é a DITADURA. E esse sentimento de rejeição e inibição da liberdade de expressão de partidários é uma afronta à democracia. Estamos caminhando para uma Die Welle (A Onde, o filme que mostra como a massa pode ser manipulada para tomar atitudes violentas e elitistas sem perceber!).
Precisamos tentar conter esse tipo de sentimento. Precisamos conter os ânimos ultra-nacionalistas. Estamos alimentando uma máquina fascista que só pode resultar em uma coisa: AUTORITARISMO E REPRESSÃO.

POR FAVOR, se atentem para o que gritam na rua. Se atentem para não caírem nesse tipo de discurso. E DEFENDAM o direito de partidários irem às manifestações. Você pode ser apartidário, mas não pode ser contra partidos, porque os partidos são a única ferramenta que temos para manter a democracia de pé.

Para exemplificar a importância dos partidos, dou um exemplo:
O movimento, que começou com uma pauta bem definida, foi sequestrado: hoje, o Brasil inteiro clama por "Mais Educação", "Mais Saúde", "Contra a Corrupção"! E clama para que todos levem APENAS a bandeira do Brasil para as manifestações. O que acontece é que essas pautas genéricas e a bandeira do Brasil REPRESENTAM O POVO TODO (ninguém vai dizer que é contra a educação ou a favor da corrupção), e daí nos sentimos UNIDOS.
PORÉM, estamos esquecendo do que realmente define os partidos políticos. A discussão que muitos estão esquecendo de levar para seus círculos é sobre o COMO essas pautas serão implementadas. PERGUNTEM a vários manifestantes COMO eles esperam que a educação seja melhorada: vocês irão notar que cada um tem o SEU MODO de enxergar as coisas, com opiniões que irão da extrema esquerda à extrema direita. ISSO É PARTIDARISMO. A única ferramenta que nossa democracia possui para conseguir dar voz a tantas opiniões diferentes e alcançar um consenso para o bem coletivo em geral é o partido político. PODE SER que consigamos erguer uma nova ferramenta, como uma Assembléia Popular onde as decisões são tomadas horizontalmente, mas isso é extremamente complicado, ainda mais no tempo que temos para evitar o caos.

O que eu estou querendo defender é que NÃO EXISTE movimento de milhões de pessoas APARTIDÁRIO. Todo mundo tem sua posição pessoal sobre como cada pauta deve ser atendida. E se continuarmos atacando os partidos, a única coisa que vai restar para guiar essa MULTIDÃO de pessoas que estão se mobilizando será a Bandeira Nacional e pautas genéricas impossíveis de implementar. Solução: AUTORITARISMO. Em um ambiente atiçado como o que estamos passando, se não aprendermos a respeitar a opinião diversa e o seu espaço na sociedade, só podemos chegar em um regime facista ou em uma ditatura nacionalista. Em ambos os casos, a liberdade de expressão será severamente punida, inclusive na internet.

POR FAVOR, PENSEM sobre isso. Discutam com seus pares. NÃO vamos deixar um movimento que tem um potencial para alterar de verdade os rumos do país (para melhor) virar um Golpe de Estado que tire as liberdades duramente conquistadas nos últimos 25 anos.

Que a discussão se inicie. Conversemos, em vez de atacarmos uns aos outros.

domingo, 12 de maio de 2013

Retrospectiva


Saudade. Uma palavra para descrever os sentimentos de hoje.

Saudade do passado mais remoto, saudade dos tempos de criança e da inocência e segurança que eram leis quando meus avós ainda eram vivos e podiam me abençoar a cada manhã.

Saudade das descobertas sobre as coisas da vida com meus irmãos e primos, meus verdadeiros amigos de infância, guardiões de segredos e cúmplices de brincadeiras perigosas, como assustar pessoas desconhecidas em uma caixa de papelão esquecida numa esquina qualquer.

Saudades dos tempos de roça e do meu "vô Deusdete", que me ensinou como empunhar uma foice pela primeira vez. Saudade dos calos que vieram logo após eu derrubar a primeira praga do mato. Saudade dos beliscões inesperados e de correr atrás de vacas duas vezes maiores que eu, sem perceber que junto de mim corria o tempo, que hoje se escorre em versos de saudade.

Saudades dos biscoitos da vó Laurinda numa manhã fria de inverno na roça. Saudades das festas de aniversário, que por mais simples que fossem, ainda tinham de existir. Saudades dos piquiniques na "pancada de areia" e dos nados no ribeirão. Saudade de explorar as montanhas e as matas e do medo que isso por vezes suscitava.

Saudades dos vários minutos passados sentado no sol ao lado da minha "vó Fonsina" e meu vô Amâncio, em uma boemia que hoje figura entre os momentos de mais rara beleza e felicidade em minha mente.

Saudades do tempo de partida, do desconhecido que era morar em uma cidade grande e do desafio que isso representava. Saudade dos tempos de descoberta juvenil, das primeiras amizades fora do círculo familiar e dos tempos de bosquinho no CEFET. Saudade dos medos da época, a maioria dos quais são risíveis hoje, quando olho para trás. Saudade da esperança quase inquebrável no futuro e da audácia juvenil, que trazia a certeza absoluta de que tudo iria dar certo, independente do que acontecesse.

Saudade do sentimento de vitória e excitação de passar no vestibular e da descoberta da universidade. Saudades dos primeiros períodos, quando a vida parecia fazer tão mais sentido e a sensação de estar perdido era rara. Saudade das amizades mais puras conquistadas nos momentos de sufoco que são o "amadurecer" e se tornar "adulto". Claro, ainda estou passando por isso, mas fica a saudade do tempo em que eu não entendia nada disso e lutava desesperadamente para entender o que era a vida e o que ela queria de mim (ainda não sei, mas hoje pelo menos tenho a noção de que essa é uma pergunta sem resposta fixa, e já não me desespero mais).

Saudades da Itália e a vida de descobertas que ela representou. Saudades infinitas da inocência e a inexperiência com que cheguei lá. Saudades das tentativas por vezes frustradas de me comunicar quando tinha acabado de chegar. Saudade da velhinha que, quando pedi ajuda para encontrar o orelhão mais perto para poder avisar meus pais que eu tinha chegado, achou que eu queria ir na casa dela telefonar. Saudades de Vercelli, aquela cidadezinha pacata e charmosa que me acolheu durante meu primeiro mês em país estrangeiro. Saudades dos meus amigos cujas raízes estão por lá, saudades daqueles loucos com quem morei, daqueles com quem estudei e com quem pude partilhar parte da experiência de troca de culturas. Saudades das viagens cansativas, mas gratificantes. Saudades da primeira neve e a emoção que ela envolveu! Saudade da excursão a Barolo e a noite mágica com direito a muito frio, neve, vinho, amizade, música e cultura italiana. Saudades do dia do pão de queijo e dos churrascos brasileiros no meio do parque. Saudades especiais da Rê (e nossa tarde de chocolate quente) e da Nay (e nossa patinada juntos). Saudades do natal em Genebra, com uma família para lá de especial e que representou minha família ali naquele cantinho europeu. Saudade da virada do ano mais barulhenta da minha vida em Milão e do pouco tempo que dividi com o Matheus por lá. Saudades de Florença e da semana mais italiana que vivi na Itália, acolhido pela família de um amigo italiano muito especial. Saudades da minha amiga grega que me acolheu em sua casa em Atenas para uma das semanas mais incríveis da minha vida. Saudades da sensação do retorno e de ver minha mãe e pai pela primeira vez depois de um ano distante.

Saudades da amiga que tocou meu coração e minha alma, e se foi me deixando um aprendizado que até hoje não sei expressar em palavras (e nem compreender racionalmente). Saudades infinitas de você, Maysão, e seu sorriso e sua gargalhada e sua fúria no trânsito e a caminhada na lagoa e o jazz e tanto mais que não há como dizer.

Saudades... Saudades de um tempo que ainda não veio, mas que virá e passará, gerando mais matéria-prima para uma vida de nostalgia. Saudade da faculdade que, por mais que tenha me matado (e ainda me mata) de estudar e trabalhar, representou (e representa) um marco profundo na minha vida. Saudade dos amigos que se afastarão, saudade dos professores que admiro e que não mais me ensinarão. Saudades das festas que deixarão de ter o mesmo significado que tem hoje, saudades futuras de um tempo em que toda minha concepção de mundo atual parecerá infantil. Saudades antecipadas da vida que levo hoje, que eu sei que vai passar e deixar muita saudade real daqui uns anos.

Saudades infinitas, nostalgia do passado, presente e futuro. Isso é a beleza da vida, afinal: uma sucessão de eventos, sentimentos, ações, atitudes, desejos e emoções que, quando agrupados em uma visão geral, formam um belo e tocante quadro do que é ser humano. E o mais legal é perceber que todo indivíduo produz, em seu tempo de vida, um quadro maravilhoso que, quando interligado com os demais quadros de outros indivíduos, evidenciam o quão extraordinária a vida é. E se sentir parte disso trás uma paz inexplicável, com um gostinho doce e suave de saudade. Ahhh... A vida...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Infinito


muitas vontades
muitos desejos
muitos sonhos
muitas experiências
muitas escolhas
muitos caminhos
muita indecisão
Uma Vida.